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Mais quatro mil pessoas circulam diariamente no Porto

Até o início de 2019, a chegada de sete novas empresas promete aumentar a circulação de trabalhadores e a demanda por serviços na Região Portuária

Nos últimos meses sete empresas anunciaram casa nova na Região Portuária. Serão quatro mil pessoas a mais circulando diariamente pelos bairros do Santo Cristo, Gamboa e Saúde. Apenas o Bradesco Seguros, que comprou o Port Corporate próximo à Rodoviária Novo Rio, trará três mil funcionários para ocupar os 18 andares do edifício. A Tishman Speyer Brasil, que ocupava o prédio, mudou-se para o edifício Aqwa Corporate, em frente à Cidade do Samba.

Ocupação de edifícios no Porto Maravilha cresceu nos últimos meses

Para o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Antonio Carlos Barbosa, este movimento é um bom sinal de que o mercado carioca começou a crescer. “O que a gente observa são os investidores apostando no Porto Maravilha, ainda que em ritmo mais lento que o desejado. Com retração ou não de mercado, esta ocupação é lenta. E é assim que tem que ser mesmo. Não poderíamos esperar que estes oito prédios recém-inaugurados estivessem cheios em 2018. Vejam o Puerto Madero na cidade de Buenos Aires, por exemplo. Uma área dez vezes menor que a nossa e ainda não atingiu seu potencial de ocupação”, reflete ao falar dos novos vizinhos.

No Edifício Nova, sede da L’Oréal Brasil na Avenida Barão de Tefé, os mil funcionários da empresa de cosméticos vão ganhar companhia no sexto andar. Dois novos inquilinos vão ocupar a laje de mil metros quadrados. A empresa de turismo Alatur transferiu sua filial carioca com 70 funcionários da Rua São José para o edifício do Porto Maravilha. E a agência de classificação de risco de crédito Fitch Ratings em breve chegará com mais 53 pessoas para dividir o andar. A japonesa Nissan, que ficava a 700 metros dali, entre a Avenida Rio Branco e a Rua do Acre, mudou-se neste mês de agosto com seus 150 funcionários para um andar inteiro do moderno edifício. Só no “Edifício Nova”, são mais 273 pessoas trabalhando na Região Portuária.

Aqwa Corporate em primeiro plano com o centro do Rio ao fundo

O Aqwa Corporate, projeto do arquiteto Norman Foster inaugurado em novembro de 2017 pela incorporadora Tishman Speyer, recebe novos inquilinos a partir do mês que vêm. Um andar será ocupado pela Fábrica de Startups, aceleradora corporativa portuguesa que desenvolve inovação para grandes empresas via startups (empresas recém-criadas ligadas à tecnologia com modelo de negócio escalável e que possa ser replicável). Instalados temporariamente no Centro, os 550 empreendedores da empresa ocuparão um andar Aqwa, ajudando a aumentar o movimento do bairro do Santo Cristo. CEO da Fábrica de Startups, Hector Gusmão explica porquê escolheu se mudar para o local. “O Porto Maravilha cumpre as características básicas para sediar empresas de tecnologia e inovação. Nós escolhemos a Região Portuária por isso, pela localização central e a infraestrutura toda renovada, seguindo exemplos de novas áreas em desenvolvimento pelo mundo”.

Outra empresa chega para ocupar outra laje inteira do Aqwa: o escritório de advocacia Tauil & Chequer Advogados, associado à firma jurídica global Mayer Brown. Até o fim do ano, cerca de 150 pessoas terão vista privilegiada da Baía de Guanabara. Desde o ano 2000 na área central da cidade, hoje na Lapa, o sócio Ivan Tauil se orgulha da mudança para o local que ele classifica como o futuro corporativo do Rio. “Temos convicção do inevitável desenvolvimento do Porto Maravilha. Não tenho dúvida que vamos fomentar serviços na região. Sabemos que chegaremos lá ainda com pouca estrutura de restaurantes, por exemplo. Mas isso surge, naturalmente, após a demanda que empresas como a nossa traz”, afirma.

Recepção do edifício Aqwa Corporate no Santo Cristo: prédio de última geração classificado como triple A

Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer, dona do empreendimento e que ocupa parte de um andar no edifício, vê mais próxima a construção da segunda torre do complexo Aqwa Corporate. “Pretendemos fazer a locação total da primeira torre antes de iniciar as obras da segunda. O mercado está reagindo, vemos um interesse bem maior pelo porto do que no início de 2017. Houve quem achasse que ‘não ia pegar’, mas cada vez mais se prova o contrário disso. A chegada das empresas mostra que está dando certo”, defende o executivo.

Gerente de desenvolvimento econômico e social da Cdurp, Rilden Albuquerque mira nas novas oportunidades que o aumento da circulação de pessoas traz. “Essa nova demanda vai atrair negócios para cá. Surgirão novos restaurantes, academias, lojas, todo tipo de serviços que o trabalhador consome. E isso é uma oportunidade incrível de geração de emprego para os moradores daqui”, projeta.

Texto e fotos: Bruno Bartholini